Vacina experimental traz nova esperança contra câncer de pâncreas e intestino
Imunizante pronto para uso pode reduzir recaídas e facilitar acesso a tratamento, especialmente para quem enfrenta dificuldades no sistema de saúde.


Uma vacina experimental desenvolvida nos Estados Unidos está mostrando resultados promissores no combate ao câncer de pâncreas e ao câncer colorretal. Chamada ELI-002 2P, ela foi projetada para atacar mutações específicas no gene KRAS, presentes em grande parte desses tumores.
Diferente de outras vacinas que precisam ser feitas sob medida para cada paciente, a ELI-002 2P é “pronta para prateleira”, o que significa que pode ser produzida em larga escala e distribuída mais rapidamente. Essa característica é vista como um avanço importante para ampliar o acesso, já que terapias personalizadas são caras e demoradas.
Resultados animadores
O estudo de fase 1 acompanhou 25 pacientes que já haviam passado por cirurgia para remover tumores — 20 com câncer de pâncreas e 5 com câncer colorretal. Desses, 68% apresentaram uma forte resposta imunológica após receber a vacina.
Entre os que tiveram melhor resposta, o risco de a doença voltar foi significativamente menor. Alguns pacientes permaneceram livres do câncer por mais de um ano após o tratamento.
Como funciona?
A vacina utiliza um sistema inovador que transporta os antígenos ligados à albumina até os gânglios linfáticos, ativando de forma mais intensa as defesas naturais do corpo. Com isso, o sistema imunológico aprende a reconhecer e atacar células cancerígenas antes que elas se espalhem novamente.
O que representa?
Especialistas destacam que a possibilidade de um imunizante já pronto e adaptável pode facilitar o acesso para pessoas que moram longe de grandes centros médicos ou que dependem exclusivamente do SUS. Além disso, o custo de produção tende a ser menor do que o de terapias personalizadas.
Para regiões onde o diagnóstico costuma ser tardio e as opções de tratamento são limitadas, uma vacina como essa pode representar mais chances de sobrevida e qualidade de vida.
Próximos passos
A pesquisa agora segue para a fase 2, com um número maior de participantes. O objetivo é confirmar a eficácia e avaliar a segurança do imunizante em grupos mais amplos.
Se os resultados se mantiverem positivos, a ELI-002 2P poderá se tornar uma das primeiras vacinas contra câncer disponível em escala global — e, com políticas públicas adequadas, também acessível para quem vive nas periferias.