Gambiarra Chic: Como as Irmãs de Pau estão sabotando o sistema e abrindo caminhos para corpos trans no funk

Com letras afiadas e estética periférica, Irmãs de Pau desafiam o padrão do funk e criam novas possibilidades para a existência trans dos bailes à indústria

7/15/20252 min read

No meio do corre, da batida pesada e das estruturas engessadas da música, surge uma dupla que desafia tudo e todos: Irmãs de Pau. Formada por Vita Pereira e Isma Almeida, duas travestis pretas da quebrada, elas não estão só fazendo música — estão criando uma nova rota pra corpos trans dentro e fora do funk.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, as artistas falam sem papas na língua sobre carreira, visibilidade, identidade e, principalmente, sobre o poder de ocupar com autenticidade.

Nomear nossa história como Irmãs de Pau demarca um lugar político, não podemos negociar nossa essência”, dispara Vita, deixando claro que o nome da dupla é uma escolha estratégica — um grito que incomoda, sim, mas que carrega força, denúncia e presença.

Do funk à liberdade

O som que elas fazem é mais que entretenimento. É ferramenta de liberdade, principalmente sexual, como conta Isma:

Vi no funk um espaço de liberdade. Falo da minha experiência sexual enquanto travesti.”

No mundo onde corpos trans ainda são apagados ou estereotipados, as Irmãs de Pau se colocam com tudo: de salto, peruca, batida, e rima afiada. E não é só estética: é sobrevivência com dignidade.

Sabotar para construir

Na conversa com a Folha, as duas explicam que “sabotar a música” é romper com o que esperam delas. Não é sobre se encaixar, é sobre se expandir. É abrir um caminho onde outras possam vir.

Representatividade a partir do nosso trabalho e nossas vidas é consequência”, diz Isma. “Não quero cobranças por ter virado o jogo. Nem todas meninas trans negras querem ser funkeiras como eu.”

Esse tipo de fala mostra que o rolê delas vai além da representatividade simbólica. É sobre autonomia, escolha e pluralidade.

Viver com conforto também é revolução

Vita ainda compartilha o impacto que a arte teve na sua vida real:

Passei a frequentar aeroportos, descobrir o que é hidromassagem, ter autonomia do meu corpo […] ter condições de morar em um lugar confortável e seguro.”

E aí, fica claro: quando travestis pretas conseguem viver com segurança, conforto e prazer, isso é revolução. Isso é gambiarra chic.

+FavelaTV segue de olho e na torcida por mais quebradas ocupando tudo — inclusive o palco.

📌 Leia a matéria completa da Folha aqui: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2025/06/entenda-como-a-dupla-irmas-de-pau-sabota-a-musica-e-abre-rotas-para-corpos-trans.shtml