Funk é arte, identidade e território: exposição “Funkeiros Cults” ocupa o Museu das Favelas em SP

Mostra gratuita abre nesta quinta-feira (12) para retratar a cultura da periferia e do funk

7/10/20252 min read

O Museu das Favelas, em São Paulo, recebe a partir do dia 12 de julho a exposição Funkeiros Cults, projeto do coletivo de mesmo nome vindo diretamente da Compensa, periferia de Manaus (AM). A mostra celebra o Dia Nacional do Funk com uma proposta inovadora: mostrar o funk como linguagem artística, estética e resistência social. E mais — com uma versão imersiva 3D disponível online para quem não puder colar presencialmente.

A exposição é gratuita e segue em cartaz até 29 de setembro, ocupando uma das principais salas do museu, instalado no histórico Palácio dos Campos Elíseos, no centro da capital paulista.

Quatro eixos: território, arte, identidade e literatura

Curada por Dayrel Teixeira e co-curada por Leandro Mendes, a exposição está organizada em quatro eixos que conduzem o visitante por uma narrativa que vai além da música e mergulha no que o funk representa nas favelas brasileiras:

  • Território: destaca a vida cotidiana e as conquistas da juventude da Compensa, com registros visuais da periferia manauara.

  • Arte: reapresenta clássicos da pintura mundial sob a ótica do funk, com releituras que misturam ostentação, ironia e crítica social.

  • Identidade: mostra como o funk molda o estilo, a autoestima e a representatividade dos jovens das quebradas.

  • Literatura: propõe reflexões a partir de trechos de obras literárias que ganham nova vida quando reinterpretadas com a estética periférica.

10

“O que apresentamos aqui é um território simbólico onde o funk é mais do que ritmo: é expressão de mundo, é a forma como a periferia lê e reinventa a arte”, afirma Dayrel, idealizador do coletivo.

Do Amazonas para o mundo (real e virtual)

Formado em Manaus em 2021, o coletivo Funkeiros Cults já havia ganhado visibilidade nas redes ao transformar memes, capas de livros e pinturas renascentistas em colagens visuais com estética do funk.

Agora, o grupo ocupa uma das instituições mais importantes dedicadas à cultura periférica no Brasil, consolidando o lugar do funk como uma expressão legítima de identidade, arte e resistência social.

A exposição também pode ser conferida em uma visita imersiva em 3D, disponível gratuitamente no site do Museu das Favelas. Por meio de um tour virtual, o visitante pode navegar por cada eixo temático, explorar imagens, sons e textos que recriam a atmosfera da exposição física — uma maneira de democratizar ainda mais o acesso à arte e à cultura das quebradas.

Reconhecimento institucional

Criado em 2023, o Dia Nacional do Funk marca o reconhecimento oficial do gênero como manifestação cultural. Para Natália Cunha, diretora do Museu das Favelas, a exposição fortalece essa conquista:

“A mostra dá protagonismo ao funk, explorando questões do cotidiano da juventude periférica. É uma união entre arte e periferia de forma autêntica”, disse em entrevista ao UOL Cultura.

Por que importa?

No Brasil de 2025, onde o debate sobre cultura, território e representatividade está mais vivo do que nunca, iniciativas como essa reforçam o papel da arte como ferramenta de transformação social. Como perguntam os próprios artistas do coletivo:

“Quais caminhos um livro percorre até chegar nas mãos de um favelado? Que impacto ele provoca ao chegar?”

Funkeiros Cults é uma resposta visual e simbólica a essa pergunta — uma ponte entre a quebrada, a arte e o museu.

Serviço:

Exposição Funkeiros Cults
📍 Museu das Favelas – Palácio dos Campos Elíseos, São Paulo – SP
📅 De 12 de julho a 29 de setembro
🕒 Terça a domingo, das 10h às 17h (permanência até 18h)
🎫 Entrada gratuita
🌐 Imersão 3D disponível em: www.museudasfavelas.org.br/exposicao-funkeiros-cults-3d