COP30 na Amazônia e o Novo Marco Ambiental: Qual Brasil vai subir no palco climático?

Com a COP30 se aproximando, devemos voltar o olhar para as atuais políticas internas ambientais

5/28/20252 min read

Em novembro de 2025, o mundo vai voltar os olhos para Belém do Pará, capital da Amazônia brasileira, que sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30. É a primeira vez que o evento ocorrerá na Amazônia — um dos biomas mais estratégicos para o equilíbrio do clima global. Para o Brasil, essa é uma chance de ouro: mostrar liderança, compromisso com a sustentabilidade e com o futuro do planeta.

Mas, enquanto isso, no Congresso Nacional, foi aprovado o Novo Marco de Licenciamento Ambiental — uma proposta que, segundo especialistas e organizações socioambientais, representa um perigoso passo atrás na proteção da natureza.

COP30: O que está em jogo?

A COP (Conferência das Partes) é o maior e mais relevante fórum internacional sobre mudanças climáticas. É ali que governos de todo o mundo se reúnem para discutir metas de redução de emissões, financiamento climático e ações para conter o aquecimento global.

A COP30 será especial por acontecer no coração da Amazônia, justamente quando o planeta atinge recordes de temperatura, eventos climáticos extremos e deslocamentos forçados por catástrofes ambientais. A expectativa global é de que o Brasil, como guardião da maior floresta tropical do mundo, assuma uma postura firme na proteção dos seus recursos e populações tradicionais.

O novo marco ambiental: avanço ou armadilha?

Enquanto o discurso para fora é de liderança verde, a prática interna mostra sinais de contradição. O Novo Marco de Licenciamento Ambiental, recém-aprovado no Senado, flexibiliza regras para obtenção de licenças ambientais. Entre os pontos mais criticados estão:

  • Dispensa de estudos ambientais para obras consideradas “de baixo impacto”, mesmo em regiões sensíveis;

  • Autodeclaração por parte das empresas, sem necessidade de análise técnica aprofundada;

  • Risco de enfraquecer a fiscalização, principalmente em territórios periféricos, indígenas e quilombolas.

    Ambientalistas e movimentos sociais alertam: essa flexibilização pode acelerar o desmatamento, comprometer rios e florestas, além de afetar comunidades que historicamente já sofrem com a ausência do Estado e a violência ambiental.

Belém em obras e sob tensão

Na capital paraense, o clima de preparação para a COP30 contrasta com a realidade de obras polêmicas e impactos locais. A construção da Avenida Liberdade, por exemplo, tem gerado desmatamento em áreas de proteção ambiental e remoções de moradores — tudo em nome da “infraestrutura para receber a COP”.

Isso levanta um debate fundamental: qual modelo de desenvolvimento queremos mostrar ao mundo? E mais: qual é o custo da imagem de “país verde” que o Brasil deseja sustentar no palco internacional?

Discurso x prática: o Brasil diante do espelho

A contradição é evidente. Como falar de futuro verde enquanto se desmonta, por dentro, a principal ferramenta de proteção ambiental do país? Como sediar uma conferência climática global se, no território, o modelo que se impõe é o mesmo que historicamente tem destruído o meio ambiente e as vidas que dele dependem?

Oportunidade histórica ou retrocesso climático?

O Brasil tem a chance de liderar o debate climático com a força de sua diversidade e da sua juventude periférica, indígena e negra. Mas, para isso, precisa garantir que o que se diz em microfone na COP também seja aplicado no cotidiano de Belém, de Altamira, do Rio de Janeiro e das favelas urbanas que também sentem os impactos da crise climática.